O presente trabalho é exigencia parcial para aprovação na disciplina "Introdução à Informática" do Bacharelado em Humanidade da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM com orientação da Professora Elayne de Moura Braga e o tema deste blog discorre sobre um sonho e um ideal que foi se desenhando durante as incontáveis viagens feitas na minha adolescência em meados da década de 1990. Naquela época, estava sempre cercado de amigos da mesma faixa etária, entre dezoito e vinte e poucos anos. Não dávamos conta de que éramos apenas “crianças” com um forte desejo de descoberta, com a cabeça fervilhando de questionamentos, cheios de ansiedades, buscando por respostas que eram difíceis de serem conseguidas. Levávamos a vida, como disse o poeta, procurando uma “ideologia para viver”.
Sempre nos aventurando pelas estradas de Minas Gerais, era praxe querer descobrir “coisas novas”. Não tínhamos idéia da real dimensão do mundo e, por muitas vezes, nos aventurávamos por caminhos que nos levavam ao mar. Aos poucos, fomos descobrindo os encantos das culturas locais, fosse ao interior das Minas Gerais, fosse ao litoral capixaba, fluminense, baiano ou paulista. Quase que inconscientemente, acabávamos identificando nuanças! Éramos tentados a estabelecer comparações e a compreender melhor as semelhanças e diferenças nas formas de expressão cultural e social que encontrávamos em nossas andanças.
De todas as maravilhas naturais, patrimoniais e culturais que encontrávamos pelos caminhos, o que ficava marcado de forma mais intensa na nossa memória era sempre o contato com as pessoas. A “Dona Maria” da cidadezinha “tal”, que nos recebia em sua casa e nos oferecia aquela comidinha mineira simples, mas ao mesmo tempo sofisticada! Com o diria Leonardo da Vinci, “o simples é o máximo da sofisticação”. Portanto, aquele simples franguinho com arroz, feijão, carne de porco “picadinha”, macarrãozinho afogado, angu e farinha de mandioca, servido “na beirada do fogão à lenha” e preparada com tanto carinho, de forma tão peculiar, às vezes, apenas para o consumo das pessoas da própria casa, tornava-se algo tão especial e que lotava nossa alma de sensibilidade.
Costumava acontecer de, junto com a “D. Maria”, estar o “Seu Zé” que antes de nos servir o alimento, oferecia aquela tradicional pinguinha “pra abrir o apetite” que na maioria das vezes era produzida ali mesmo, no alambique no fundo da casa. Essa mesma pinguinha era quase sempre distribuída nos botecos “copo-sujo” que sempre acabávamos ficando, nos misturando, fazendo com grande facilidade novas amizades, desenvolvendo novas sociabilidades por meio de um bom “dedo de prosa” e de uma ou várias partidas de sinuca. Nessas ocasiões as pessoas, ao mesmo tempo em que nos serviam, também compartilhavam experiências, emoções, dúvidas e esperanças. Por esta razão, muitas delas nos impressionavam tanto, deixando em nós marcas profundas, pois ao compartilharem conosco suas inquietudes, nos proporcionavam a oportunidade de refletir também sobre nossas próprias experiências e anseios.
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Almoço na casa do Sr. Renato e D. Marilac - Córregos/MG. |
Mas sempre que voltávamos pra casa, ficava a pergunta: como seria a vida dessas pessoas depois da nossa partida? Como se dariam as relações sociais e comerciais na ausência dos “de fora”? Como essas pessoas produziam o suficiente para se sustentar quando “os de fora” não levavam o seu dinheiro para gastar nas suas bodegas improvisadas, pousos e pequenos comércios? A simplicidade da vida dessas pessoas, o estado de pobreza em que se encontravam muitas delas eram de fácil identificação. Situações tão perceptíveis e factuais do ponto de vista da aparência, mas tão profundas e difíceis de serem compreendidas do ponto de vista conceitual e estrutural que mesmo sem estarmos preparados para estabelecer tais análises, elas eram inevitáveis.
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Ruinas da Fazenda do Rio São João - Bom Jesus do Amparo - MG. |
Se por um lado, deparar com essa imensa riqueza histórica, patrimonial, natural, cultural e artística, gerava em todos nós uma admiração profunda, por outro lado, percebíamos claramente as mazelas sociais e econômicas que ficaram como herança da decadência da atividade mineradora, da industrialização tardia e dos descaminhos impostos a essas comunidades pelo surgimento das ferrovias e rodovias, principalmente as do entorno da Estrada Real, que se encontram na região do Espinhaço Central. Daí nossas inúmeras interrogações.
Frequentemente questionávamos a respeito de como se deu o surgimento, crescimento, consolidação, a decadência e sobre o futuro dessas comunidades. Com a evasão das populações jovens, a questão da perpetuação dessas culturas era outra de nossas principais preocupações. Essas questões eram facilmente percebidas por intermédio dos relatos que nos faziam os moradores locais, principalmente os jovens. Será que nossos filhos e netos, teriam a mesma oportunidade de vivenciar e experimentar todas as emoções que nós sentíamos ao ver as manifestações culturais daqueles lugares? Será que eles também poderiam desfrutar da beleza de uma apresentação de congado, de catopés, das cirandas de roda, das procissões, das danças, dos cânticos e dos rituais? Qual seria o destino das comunidades que encontrávamos pelo nosso caminho, principalmente as pequenas comunidades que se estabeleceram próximas a grandes centros mineradores como Ouro Preto, Mariana, Conceição do Mato Dentro, Serro e Diamantina? Essas pequenas comunidades, essencialmente rurais e/ou quilombolas, acabaram por se tornar distritos desses centros urbanos mais desenvolvidos, como o caso de Lavras Novas, Córregos, Milho Verde, São Gonçalo, Vau e Curralinho, distritos que tínhamos o costume de visitar frequentemente e por isso desenvolveram em nós sentimentos de pertencimento a tudo aquilo que experimentávamos.
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Os rítmos das comunidades da Estrada Real - Alvorada de Minas-MG. |
Alguns anos se passaram, e cada um de nós foi “correr atrás” da própria sobrevivência. Enquanto uns se tornaram administradores de empresas, economistas e engenheiros houve os que, mesmo inseridos em um sistema capitalista “predatório”, procuraram uma forma de aliar as suas inquietudes juvenis e vontade de fazer parte de algo maior do que simplesmente uma posição de destaque em um mercado de trabalho cada vez mais exigente e competitivo. Quem fez esta opção, optou pelo turismo ou pelas ciências sociais, imaginando ser esta uma boa forma de aliar as suas pretensões. Exatamente nesta época de escolhas, meado de 1997 começou a ser divulgado, primeiro de forma discreta, depois de forma mais intensa, o surgimento de um projeto que tinha por finalidade, construir a história da antiga via de escoamento dos metais e pedras preciosas que saiam das regiões extrativistas de Minas Gerais até os portos de embarque para a Europa no Rio de Janeiro, para posteriormente uma possível transformação em “produto turístico”, a saber, a “Estrada Real”. Os caminhos que percorríamos nas nossas andanças como “plebeus”, nos foram apresentados pela primeira vez como sendo “solo Real”, e despertou em nós a vontade de tom ar posse definitivamente da “nova tradição” que se desenhava no horizonte, tradição esta que, para nós, já pertencia ao nosso imaginário coletivo e às nossas raízes.
Contudo, deparamos com a primeira grande barreira a ser superada: trabalhar para se sustentar e buscar informações, por meio da pesquisa, de como contribuir para que não caíssem no esquecimento as comunidades que se estabeleceram no entorno da “Estrada Real”. De certa forma, havia uma vontade de garantir “sustentabilidade”, tanto para nós, quanto para as pessoas dessas comunidades. Com um olhar limitado, perguntávamos como poderíamos articular as idéias de forma a alcançar nossos objetivos e aspirações pessoais e coletivas. Quem sabe o caminho poderia ser o turismo?
Revivendo essas interrogações decidi, em meados de 1998, fazer o caminho inverso ao de muitos dos meus amigos e companheiros de juventude. Enquanto alguns se formavam e se dirigiam para grandes centros urbanos como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Moscou e Nova Iorque, eu, depois de cinco anos trabalhando na área de licitações e contratos de uma grande empresa de telecomunicações em Belo Horizonte, resolvi concentrar meus esforços na academia e me mudei para Diamantina para fazer uma Licenciatura em História na Faculdade de Filosofia e Letras – FAFIDIA da Fundação Educacional do Vale do Jequitinhonha - FEVALE.
Foi quando percebi que precisava descobrir uma forma mais “autônoma” de ganhar a vida, pois a faculdade tinha de ser paga! Assim, consegui meu primeiro trabalho significativo em Diamantina, como “Consultor de Núcleos Setoriais do Projeto Empreender”. Tratava-se de um projeto realizado através de convênio entre a Associação Comercial e Industrial de Diamantina e Federação das Associações Comerciais e Empresarias de Minas Gerais - Federaminas com parceria entre Sebrae (MG), Fundação Empreender (SC) e Câmara de Artes e Ofícios de Munique e Alta Baviera (Alemanha). Como consultor de núcleos setoriais, comecei a adquirir conhecimentos e habilidades na condução, facilitação e moderação de reuniões de trabalho para grupos de empreendedores, empresários, artesãos, profissionais liberais e autônomos, com vistas à manutenção de um ambiente de discussão constante que promovesse a troca de experiências e o aprendizado coletivo além da promoção de ações conjuntas visando o benéfico dos setores trabalhados como um todo.
Era para mim o início de uma jornada que perdura até os dias de hoje: aliar minhas necessidades pessoais de sobrevivência, desenvolvimento intelectual e pessoal e contribuir com o desenvolvimento consciente e participativo das comunidades ao longo dos caminhos percorridos na minha juventude pela Estrada Real.
Antes de ingressar no curso de História no ano 2000, apresentei um projeto para realização de uma expedição de caráter acadêmico pela Estrada Real, partindo de Diamantina-MG até Paraty-RJ, ao professor Antônio Carlos Fernandes, solicitando-lhe uma avaliação. O professor acreditou na proposta apresentada (e por isso foi chamado de louco por muitos dos seus colegas), e subscreveu o projeto “I Expedição Estrada Real – FEVALE / FAFIDIA”, apresentou à Direção da Faculdade que, posteriormente, criou o Programa Estrada Real – FEVALE / FAFIDIA, cuja experiência será relatada a seguir:
Em abril de 2000, foram comemorados no Brasil os 500 anos da chegada dos Portugueses. Paralelamente a este movimento, estava acontecendo um rompimento entre duas eras distintas e complementares na história da cidade de Diamantina. Por um lado, a desaceleração da exploração diamantífera - principalmente em função da escassez do mineral, mas, também, pela intensificação das ações de regulamentação e controle exercidas pelos órgãos governamentais de preservação ambiental - por outro, o surgimento de um novo mercado a ser explorado em função da educação e do turismo. A cidade comemorava sua recente elevação à categoria de Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO. A antiga Faculdade de Odontologia (Fafeid) era transformada em Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), trazendo novos investimentos para o município e gerando mais postos de trabalho, aumentando o poder aquisitivo da população como um todo, em função do impacto direto e indireto causado por tais investimentos. A economia da região, começava a passar por mais um processo de transição. Essa nova ordem insidia diretamente no aquecimento do comércio local, principal fonte geradora de divisas para o município e região. Nessa mesma ocasião iniciou-se também a intensa mobilização política, social e midiática em torno do projeto da Estrada Real pelo governo do Estado, fato que também contribuiu para despertar nas comunidades a expectativa de que dias melhores estavam por vir, contribuindo para um caminho de reedição da visão de futuro de muitas destas comunidades.
Na esteira desse desenvolvimento iminente, o professor Antônio Carlos Fernandes, percebendo a necessidade de envolvimento profundo da academia em todas estas questões que se estabeleciam em Diamantina e na região do Vale do Jequitinhonha, assumiu o risco da empreitada, articulou e coordenou os contatos institucionais necessários para a realização da expedição de prospecção pela Estrada Real. Para tanto, com o apoio do Presidente da FEVALE, Sr. Gilson Gilbertone Burgarelli, da Diretora da Fafidia, Sra. Silvia Regina Porto da Rocha, da Coordenadora do Centro de Pesquisa e Extensão da Fafidia, Sra. Mariuth Santos e do SENAC-MG, na pessoa da Sra. Andréa Labruna, os expedicionários e pesquisadores
[E-D] - Antônio Carlos Fernandes[1], Rafael Leão Timo[2], Daniel Lessa Gomes[3] e Christiano Caldas Santiago[4], percorreram o trecho da Estrada Real compreendido entre Diamantina e Ouro Preto do dia 22 ao dia 30 de abril de 2000, com as seguintes finalidades:
[E-D] - Antônio Carlos Fernandes[1], Rafael Leão Timo[2], Daniel Lessa Gomes[3] e Christiano Caldas Santiago[4], percorreram o trecho da Estrada Real compreendido entre Diamantina e Ouro Preto do dia 22 ao dia 30 de abril de 2000, com as seguintes finalidades:
- Refazer o percurso do naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire do Arraial do Tijuco (Diamantina – MG) a Ouro Preto, realizando prospecção histórico-cultural, sócio-ambiental e socioeconômica, buscando a viabilidade do percurso para fins turísticos;
- Arrolar nos arquivos mineiros, documentação historiográfica, cultural e ambiental da região, realizando trabalho preventivo sobre a preservação dos bens histórico-culturais e naturais ao longo do trecho;
- Divulgar a Estrada Real para fins históricos, turísticos e ecológicos nos principais meios de comunicação do país;
- Recolher material fotográfico e de vídeo que viabilizem a divulgação e os trabalhos de pesquisa;
- Criar material de exposição através de recursos multimídia;
- Desenvolver levantamento de causas e possíveis conseqüências de ações antrópicas junto ao meio ambiente, patrimônio e do turismo no cotidiano das comunidades do entorno da Estrada Real.
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Entrevista Gracinha Leão, ex-proprietária da Pousada do Tropeiro - Curralinho (Extração) - Diamantina-MG. |
O Projeto inicial se configurava pela seguinte metodologia de trabalho:
1ª Etapa: Realização da Expedição para coleta de dados (narrativas, entrevistas, fotografias e filmagens);
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Entrevista Sr. Adão Guedes - Proprietário do terreno onde se encontram as ruínas da Usina da Boa Vista, primeira usina hidrelétrica da América Latina. |
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Entrevista Sr. Renato - Córregos-MG. |
3ª Etapa: Análise do material coletado e produção de textos;
4ª Etapa: Divulgação dos resultados;
5ª Etapa: Elaboração do Projeto de Educação Patrimonial e Ambiental.
No projeto original, foram alcançados os seguintes resultados:
- Realização da expedição para coleta de dados dos dias 22 a 29 de abril de 2000, no trecho da Estrada Real compreendido entre Diamantina e Ouro Preto – MG. - Material coletado:
Material coletado na I Expedição Estrada Real - Fevale/Fafidia |
- Realização de mostra de material de pesquisa para alunos da FAFIDIA em junho de 2000 – Diamantina/MG;
- Participação no Seminário “Redes de Cidades” – Secretaria Municipal de Turismo de Itabira/MG – 22 de agosto de 2000 – Itabira
- Transcrição da palestra proferida pelo Prof. Antônio Carlos Fernandes no Seminário “Rede de Cidades” - Secretaria Municipal de Turismo de Itabira – 22 de agosto de 2000 – Itabira/MG;
- Participação no Seminário Realizado em Paraty-RJ em Outubro de 2000;
- Produção do texto: Contribuição da FEVALE / FAFIDIA para a construção dos marcos teóricos metodológicos do conceito histórico turístico da Estrada Real, professor Antônio Carlos Fernandes;
- Análise do material coletado e produção de textos;
- Divulgação dos resultados.
Diante das perspectivas que surgiram depois da coleta do material de pesquisa e das prospecções realizadas durante a expedição, foi cogitada, através da FEVALE e da FAFIDIA, a possibilidade de, em parceria com as entidades envolvidas (principalmente o recém criado Instituto Estrada Real), se elaborar um projeto de desenvolvimento regional integrado e sustentável que pudesse servir de base ou, como melhor definido pelo professor Antônio Carlos Fernandes, formular o “desenvolvimento dos Marcos Teóricos e Metodológicos” que pudessem servir de orientação às ações que viessem a ser empreendidas na região em função do projeto da Estrada Real. Com esse objetivo principal, foi formada uma equipe composta por pesquisadores e autoridades representantes das diversas entidades de fomento e apoio que tinham como principal objetivo refletir sobre as questões em torno da Estrada Real e criar um ambiente permanente de discussão para o planejamento e execução das ações pertinentes, considerando o reconhecimento, valorização e revigoramento das identidades culturais e sociais, dos ritmos, tempos e contratempos, sociabilidades preservadas e novas sociabilidades estabelecidas pela intensificação das atividades ligadas ao turismo nas comunidades do entorno da Estrada Real de forma a minimizar os impactos negativos que poderiam ser causados pela exploração desordenada destes espaços sociais pela atividade turística.
Por motivos de ordem burocrática e política, o projeto original não alcançou todos os objetivos propostos, deixando uma lacuna na construção do conhecimento específico, necessário para se ensaiar qualquer intenção de intervenção nas comunidades envolvidas, seja pela educação patrimonial e ambiental, seja na planificação participativa das ações necessárias a efetivação do programa Estrada Real.
Mais de dez anos se passaram e as discussões em torno das questões ligadas à Estrada Real se tornaram ainda mais pertinentes, pois nesse período, foram investidos milhões de reais em propaganda em um produto turístico inacabado e que já apresenta sinais de um fracasso quase que selado!
Uma vez que a entidade responsável pelo projeto (FAFIDIA) se encontra com as atividades acadêmicas encerradas, e tendo em vista a disponibilização de todo o material coletado na “I Expedição Estrada Real – FEVALE / FAFIDIA”, a UFVJM tem a possibilidade de resgatar o projeto original, reformular suas bases e se lançar ao desafio de contribuir para o desenvolvimento de uma nova visão, focada no desenvolvimento econômico da região, através do projeto de turismo da Estrada Real, agregando valor a vários outros que se complementam e já estão em desenvolvimento. O turismo é uma possibilidade concreta para este desenvolvimento, além de todas as outras possibilidades que podem surgir como as atividades agrárias, artesanais e culturais, principalmente se este projeto for construído sob os pilares da educação ambiental e patrimonial, primar pelo estabelecimento de programas de extensão específicos que busquem revigorar os valores histórico-culturais, sócio-ambientais e socioeconômicos da região, princípios indispensáveis para a construção de um projeto sólido e auto-sustentável de turismo.
Com a implantação dos Bacharelados em Humanidades e Turismo e das Licenciaturas em Pedagogia, Letras, Geografia e História, além dos cursos das áreas de Agrárias, Tecnológicas e Biológicas, a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, inserida na cidade de Diamantina, um dos principais centros indutores do turismo na Estrada Real, torna-se, em sentido mais estrito, o laboratório interdisciplinar ideal para o desenvolvimento das bases de um projeto de desenvolvimento regional para as comunidades da região, criando um ambiente permanente de discussão e proporcionando condições científicas e metodológicas, por meio da pesquisa e da extensão que visem à sustentabilidade econômica, social, cultural e ambiental das comunidades da Estrada Real.
Diante do exposto, fica o desejo de poder pleitear junto a UFVJM a possibilidade de realizar a referida proposta. Para tanto, espero, pacientemente, há pelo menos dez anos, que me seja dado o mesmo apoio e condições que foram dadas pelo professor Antônio Carlos Fernandes, pela FEVALE e pela FAFIDIA no início dessa jornada.
Hoje não podemos mais contar com apoio do antigo mestre, que por uma peça que nos pregou o destino, não se encontra mais entre nós. Ver o nosso trabalho finalizado talvez fosse um dos seus maiores desejos. Concluir o que foi iniciado, é o próximo grande desafio que deverá ser superado para que possamos, enfim, escrever um final feliz para essa história, o final que sempre almejamos, do desenvolvimento regional integrado e sustentável, para nós e para as pessoas das comunidades inseridas ao longo da Estrada Real.
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Mestre Antônio Carlos Fernandes - Chegada da Expedição - 29/04/2000 - Ouro Preto/MG. |
[1]. Antônio Carlos Fernandes - Professor, Mestre em História Social e Política pela UFMG, Gestor Público da Regional do INSS em Diamantina e Pesquisador do Centro de Memória Cultural do Vale do Jequitinhonha (falecido em 2010, vítima de um infarto fulminante).
[2]. Rafael Leão Timo – Discente da Licenciatura em História na FAFIDIA, idealizador e co-autor do Projeto Estrada Real juntamente com o Prof. Antônio Carlos Fernandes e estagiário do Programa Estrada Real da FEVALE. Atualmente é discente do Bacharelado em Humanidades (área de concentração em Turismo) da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM;
[3]. Daniel Lessa Gomes foi estudante do curso de jornalismo da UNI-UB e estagiário de pesquisa no programa Estrada Real da Fafidia;
[4]. Christiano Caldas Santiago - Turismólogo formado pela UNA-BH, empresário do ramo de esportes de aventura e instrutor de técnicas de sobrevivência em montanhas certificado por organismos nacionais e internacionais.